Baú de enxoval

Outro dia estava lendo um conto da Clarisse Lispector em que ela falava sobre um enxoval de casamento, o que me levou a algumas reflexões sobre o quanto nós mulheres mudamos de umas poucas décadas pra cá.
Minha mãe, que é do interior de Goiás, tinha um Baú para guardar o enxoval (o móvel está na casa dela até hoje!) e minha avó bordava várias peças com uma minúncia de detalhes românticos.
Antigamente, as moçoilas casadoras preparavam seu enxoval com muito esmero, passavam anos juntando peças, bordando paninhos e guardando tudo no Baú. Depositavam ali, junto com as rendas, seus sonhos de um casamento perfeito e suspiravam pensando no príncipe encantado. Se preparavam para a vida de esposas e mães, um bom matrimônio era o principal objetivo.
Hoje o Baú foi trocado pela mesa do computador, as jovens até suspiram pelos príncipes, mas estudam, viajam, trabalham e só vão pensar no casamento lá perto dos trinta. E se o enlace não der certo, mandam passear e se casam de novo e de novo, se for preciso!
Acho que as mudanças foram benéficas para a mulher, imagina, ficar atrelada a um bofe só por conveniência?  A independência financeira nos levou a lugares antes impensáveis, hoje somos até presidentas deste país! Mas não deixo de sentir uma certa nostalgia com esta história de Baú, talvez porque a vida esteja mais complicada e menos romântica. Não temos mais o Baú (será que as moças do interiorzão ainda tem?), mas bem que teria sido legal ter um.

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